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11/05/2025 às 13h30

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Macapa / AP

Militar da Reserva e Fazendeiro Irão a Júri Popular por Execução de Idoso em Conflito Fundiário no Interior do Amapá
Crime premeditado, motivado por litígio territorial, mobiliza autoridades e expõe a tensão agrária na região
Militar da Reserva e Fazendeiro Irão a Júri Popular por Execução de Idoso em Conflito Fundiário no Interior do Amapá

O sargento da reserva do Exército Brasileiro, Antônio Carlos Lima de Araújo, de 59 anos, e o fazendeiro Francisco Canindé da Silva, de 64 anos, enfrentarão o tribunal do júri pelo homicídio do agricultor idoso Antônio Candeia Oliveira — conhecido como “Maranhão” — de 80 anos, ocorrido em 23 de novembro de 2024, no município de Amapá, distante cerca de 310 quilômetros da capital, Macapá.


A tragédia, segundo a apuração conduzida pela Polícia Civil, foi meticulosamente arquitetada. Registros audiovisuais realizados por um dos ocupantes do veículo que conduziu os suspeitos até a propriedade rural revelam os últimos instantes da vítima. Nas imagens, observa-se Antônio Carlos em acalorada discussão com o ancião, ocultando, com uma das mãos para trás, a arma que viria a ser utilizada. Após breve troca de impropérios, o militar empurra a vítima e realiza múltiplos disparos. Mesmo após o idoso tentar alcançar algo em uma sacola, foi subjugado e alvejado novamente, sem qualquer possibilidade de defesa.


Francisco Canindé, apontado como o mandante do crime, foi detido em flagrante ainda no local e teve sua prisão convertida em preventiva. Antônio Carlos, por sua vez, apresentou-se à autoridade policial dois dias depois, acompanhado por sua equipe de advogados. Também teve a prisão preventiva decretada. O Exército Brasileiro, reconhecendo que o militar, mesmo na reserva, mantém vínculo legal com a instituição, requereu sua transferência para uma unidade sob jurisdição militar.


A motivação do homicídio remonta a uma longa e conturbada disputa fundiária iniciada em 2019, quando Maranhão ingressou com ação judicial pleiteando a propriedade da terra. Apesar da negativa judicial, os conflitos entre as partes persistiram. Conforme relatado pelos advogados da vítima, o agricultor havia firmado um contrato de venda do imóvel por R$ 200 mil, recebendo apenas metade do valor acordado. A cobrança da quantia restante teria despertado reações ameaçadoras por parte do comprador.


O Ministério Público do Amapá acompanha atentamente o caso. O promotor de Justiça da comarca de Amapá, Hélio Paulo Furtado, declarou publicamente que está empenhado em garantir um julgamento célere e imune a pressões externas. Em reunião com familiares e amigos da vítima, reiterou que o Estado buscará a condenação exemplar dos envolvidos.


Em nota, a prefeita eleita do município de Amapá, Kelly Lobato — que é companheira de Francisco Canindé e cunhada de Antônio Carlos — repudiou veementemente o crime, posicionando-se em favor da legalidade, da paz e do respeito à vida. Ela não é alvo de investigação no caso.


A morte de Maranhão comoveu a comunidade local e reacendeu o debate sobre os conflitos agrários que historicamente assolam o estado. A Polícia Civil prossegue com as investigações, empenhada em esclarecer minuciosamente todos os elementos do crime e assegurar a responsabilização dos culpados com o rigor que a lei exige.

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