06/05/2025 às 07h41
Vitoria Inacia
Macapa / AP
A crescente adesão ao uso do Ozempic — fármaco originalmente desenvolvido para o controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 — extrapolou os limites da endocrinologia, conquistando espaço entre aqueles que almejam a redução ponderal acelerada. No entanto, paralelamente aos benefícios metabólicos e estéticos, emergem relatos clínicos inquietantes a respeito de um fenômeno ora denominado informalmente como “boca de Ozempic”.
A expressão, cunhada por profissionais da área dermatológica e odontológica, descreve um conjunto de alterações morfológicas e funcionais que acometem a cavidade oral e o terço inferior da face. Entre os principais efeitos observados estão a perda volumétrica da região perioral — que acentua sulcos nasogenianos, promove flacidez cutânea e confere à fisionomia um aspecto precocemente envelhecido — e a xerostomia, ou seja, o ressecamento da mucosa oral.
A renomada dermatologista nova-iorquina Dra. Michele Green foi uma das primeiras especialistas a associar a semaglutida, princípio ativo do Ozempic, ao surgimento dessas alterações. Segundo a médica, o fármaco parece desencadear uma perda significativa de gordura facial, sobretudo nas áreas adjacentes aos lábios, potencializando os sinais do envelhecimento e comprometendo a estética facial de forma notável.
Do ponto de vista funcional, a redução da salivação — efeito possivelmente relacionado a distúrbios autonômicos ou alterações no metabolismo hídrico induzidas pela medicação — acarreta uma série de complicações: propensão a cáries, doenças periodontais, halitose persistente, desconforto ao mastigar e deglutir, além de maior vulnerabilidade a infecções oportunistas na mucosa oral.
Há ainda relatos esparsos, porém recorrentes, de disgeusia, ou distorção do paladar, o que agrava o impacto sensorial e psicológico do uso prolongado do medicamento.
Diante deste quadro, especialistas em saúde recomendam vigilância constante por parte dos usuários. Medidas paliativas incluem a ingestão regular de água, a restrição de substâncias desidratantes como álcool e cafeína, e o reforço da higiene bucal com produtos específicos para xerostomia. Sobretudo, enfatiza-se a importância do acompanhamento médico rigoroso, para que os efeitos colaterais sejam devidamente monitorados e mitigados.
Embora o Ozempic continue sendo uma ferramenta poderosa no arsenal terapêutico contra a obesidade e o diabetes, seu uso fora das diretrizes originais levanta debates sobre a medicalização da estética e os custos invisíveis da busca por um corpo idealizado.
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