O Governo do Amapá montou uma força-tarefa para investigar a mudança de coloração nas águas do rio Cupixi, no município de Porto Grande. O fenômeno foi identificado na terça-feira (11), após diversas denúncias e vídeos circulando nas redes sociais, que indicavam uma possível contaminação relacionada ao garimpo ilegal. Desde então, equipes de diversas secretarias estaduais estão mobilizadas para avaliar os impactos ambientais, sociais e sanitários da situação.

Força-tarefa e medidas emergenciais

A força-tarefa criada pelo governo estadual conta com a participação da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), da Secretaria de Saúde (Sesa), da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), da Secretaria de Segurança Pública (Sejusp), da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros Militar e da Polícia Científica. O objetivo é identificar a origem da alteração na coloração do rio, além de mitigar eventuais danos às comunidades que dependem dele para consumo e pesca.

De acordo com a secretária de Meio Ambiente do Amapá, Taise Mendonça, a principal suspeita inicial apontava para um possível despejo de rejeitos oriundos de garimpo ilegal. "Recebemos inúmeras denúncias acompanhadas de vídeos mostrando a mudança de coloração do rio Cupixi. Com base nisso, abrimos um procedimento e organizamos uma força-tarefa para investigar o caso. A suspeita era de que um garimpo específico, chamado São Domingos, pudesse estar contaminando o rio", explicou.

Diante da gravidade do caso, o governador Clécio Luís determinou um sobrevoo na região, realizado pelo Grupo Tático Aéreo (GTA). Porém, devido às chuvas intensas, a equipe não conseguiu acessar a área do garimpo, retornando por segurança. A operação foi retomada na manhã desta quarta-feira (12), quando finalmente foi possível identificar a origem do problema.

Garimpo ilegal e impacto ambiental

A equipe do GTA localizou uma área acima do garimpo São Domingos onde ocorreu uma implosão de barranco, possivelmente causada por atividade de garimpo ilegal. "Identificamos que se trata de um garimpo novo, ilegal, onde houve essa implosão. Agora, as equipes precisam encontrar um ponto seguro para pouso e verificar se esse desmoronamento causou outros danos, além de realizar a coleta da água para análise", destacou Taise Mendonça.

O acesso ao local é extremamente difícil. Segundo a secretária, apenas por via terrestre, a chegada à área afetada pode levar até oito horas de viagem subindo o rio. "Ano passado, realizamos uma operação nessa região para desativar garimpos ilegais. No entanto, devido à dificuldade de acesso, essas atividades muitas vezes voltam a ocorrer. Por isso, pedimos o apoio da Polícia Federal para combater esse tipo de crime ambiental, que também é de competência da União", acrescentou.

Ações para minimizar os danos à população

Até o momento, não há registros de famílias diretamente afetadas pela contaminação do rio, mas as autoridades recomendam que a população não consuma a água nem os peixes do local até que a análise seja concluída. Como medida emergencial, o Governo do Amapá está preparando o envio de água potável, kits de alimentos e combustível para as comunidades impactadas.

A Defesa Civil também foi acionada para avaliar possíveis riscos adicionais e elaborar um plano de contingência. "Nosso primeiro objetivo é garantir que nenhuma família tenha sido atingida diretamente. Já sabemos que há um problema com o consumo da água, mas, felizmente, não há vítimas até agora. Vamos continuar monitorando e avaliar novas providências", reforçou Taise Mendonça.

Além disso, a Secretaria de Meio Ambiente iniciará um estudo detalhado sobre os impactos ambientais no rio Cupixi. "Precisamos analisar quais metais e substâncias estão presentes na água para definir um plano de recuperação ambiental. O que ocorreu aqui é grave e precisa de uma resposta rápida e eficaz", concluiu a secretária.

O caso segue sob investigação, e o governo do estado mantém contato com a Prefeitura de Porto Grande e o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional para reforçar as ações de apoio à população e de preservação ambiental.

FONTE: Bronca Pesada